Falar da Rua do Souto em Braga é como falar da Rua Augusta em Lisboa e da Rua de Santa Catarina no Porto.
Verdadeiro ex-libris da cidade desde os seus primórdios, decorria o ano de 1466, o ano em que foi mandada abrir pelo Arcebispo D. Diogo de Sousa.
Esta rua alberga os principais monumentos como a Sé Catedral, a Igreja da Misericórdia e a antiga entrada principal do Paço Episcopal, como também o variadíssimo comercio. Foi atravessada entre os anos de 1914 a 1963 pelo elétrico nº1. Entre 1897 e 1942 mudou de nome para Rua Rodrigues de Carvalho, regressando ao nome atual a partir de então. Atualmente a rua é dedicada aos peões.
A cidade de Braga conhecida como a dos Arcebispos, tem na Sé Catedral o seu maior poder eclesiástico. Como tal, a atual Sé é o reflexo do enriquecimento das diversas intervenções sofridas no decorrer dos anos, aplicados pelos diferentes arcebispos.
Anterior à Nacionalidade, esta edificação do século XI é a Catedral mais antiga de Portugal. A este facto se deve a célebre expressão "Mais antigo que a Sé de Braga" para designar algo muito antigo.
Assenta sobre um outro templo do século V, remontando à época romana, acreditando-se que o templo romano era dedicado a Ísis, conforme testemunha a inscrição nas traseiras da Sé. Ocorreu durante o episcopado de D. Pedro, então Bispo de Braga, entre os anos de 1070 e 1093, do qual se conservam muito poucos vestígios.
A Sé foi concebida segundo uma linha de peregrinação à semelhança de Santiago de Compostela e de Igrejas Francesas, composto por três naves, transepto saliente, cabeceira e deambulatório.
Das diversas intervenções, o absidíolo que atualmente se situa no pátio de São Geraldo e parte das arquivoltas do portal central, fazem parte da campanha primitiva. Das seguintes campanhas, a porta sul é no século XII, e no século XVI deu-se a transformação da fachada principal e o acrescento da galilé.
As restantes dependências exteriores são referentes ao claustro, correspondentes ao século XIX, e as capelas que o circundam, sendo a da Glória ao século XIV e a da Nossa Senhora da Piedade do século XVI.
A igreja desenvolve-se longitudinalmente numa planta de cruz latina. É formada por três naves, capela-mor e capelas laterais.
A fachada principal é formada por três panos (central e torres sineiras), e a anteceder uma galilé. No lado direito possui a única porta da primitiva Sé, de origem românica, e o corpo da sacristia adossado ao templo.
No lado esquerdo é composta pelo claustro e pelas capelas.
É rasgada pelo portal principal em arco abatido com arquivoltas interiores, pertencentes ao românico e enquadrado por um arco canopial manuelino. Está encimada por duas janelas retilíneas com remate em frontão curvo, centradas pelas armas de D. Rodrigo Moura Teles.
Remata numa tabela retangular que contém um nicho com a imagem do orago, encimado por um frontão interrompido por uma cruz episcopal sobre uma esfera.
A galilé, um dos elementos da reforma do século XVI, antecede a porta principal, com decoração e coberturas manuelinas, destacando-se a profusão das esculturas exteriores. É formada por quatro arcos, sendo um deles, o central, em volta perfeita e os laterais, tal como o da fachada sul, em arco quebrado. As grades metálicas de ferro forjado que encerram a galilé provém do interior do templo.
De considerar a existência deste nicho em arco de volta perfeita assente em duas colunas com duas bases coríntias. Ao centro, uma maravilhosa pia de água benta em mármore rosa encimada por uma cruz românica. Situa-se entre o portal principal e o interior da Sé
A ladear o portal estão as duas torres sineiras quadrangulares formadas por dois rasgos na vertical em verga reta em cada uma das torres. Estes são encimados por frontões triangulares, sendo os de baixo portas com acesso a um varandim servindo de terraço, com guarda de ferro.
Os rasgos superiores, um em cada torre, referem-se a duas janelas.
São rematadas por três sineiras, sendo duas da torre esquerda e uma da direita, que são coroadas em cantaria vazadas formando numa coroa em volutas e pináculos piramidais.
Orientada a sul, esta fachada tem a sua relevância na Porta do Sol, o único rasgo que remonta ao portal primitivo da época românica, escavado e assente em colunelos com tímpano vazado por cruz. Tem ainda neste lado o corpo da sacristia.
Nas traseiras da Sé, precisamente na torre da cabeceira, existe a imagem da Nossa Senhora do Leite, um dos ícones mais antigos da religião Cristã. Representa a simplicidade com que a Virgem nutre o Menino-Deus com o seu leite materno.
A poucos metros no sentido norte encontramos a inscrição dedicada a Ísis.
Esta fachada, orientada para a famosa Rua do Souto, dá acesso às capelas, ao pátio de São Geraldo e finalmente ao claustro.
Esta entrada, que permite a ligação entre o exterior da Sé e o claustro, é anunciada com as armas eclesiásticas e atravessado por uma porta em arco quebrado com arquivoltas.
Um pequeno espaço que permite albergar diversas peças romanas, formando um pequeno museu ao ar livre. A estes elementos junta-se no pátio de São Geraldo o Pelourinho Eclesiástico, a Capela com o mesmo nome e um absidíolo românico (entre o séculos IX e XII). Este correspondia à cabeceira de uma capela e atualmente posiciona-se no exterior, adossado a atual cabeceira da Sé.
O claustro sofreu uma campanha de obras do século XIX, substituindo um outro do século XVIII de estilo gótico que ameaçava ruir.
É de planta quadrada de um só piso, com coberturas em terraços e guardas balaustradas. Cada ala possui três arcos de volta perfeita assentes em colunas toscanas.
Ao centro encontra-se um chafariz e, na ala nascente, um altar das Almas e uma estátua de São Tiago.
Este espaço dá acesso ao já denominado Pátio de São Geraldo e à Capela com o mesmo nome, às Capelas da Nossa Senhora da Piedade e dos Reis, sendo a entrada desta última feita pelo interior do templo principal. Também dá acesso ao interior do templo principal e à escadaria que leva ao tesouro, situado no primeiro andar, no edifício do Cabido.
É a única extra recinto da Sé, contudo está adossada à Capela de São Geraldo. Templo edificado em 1331 pelo Arcebispo Gonçalo Pereira, albergando o túmulo do referido eclesiástico.
É formada pelo templo e uma torre de remate em ameias, com a fachada a assemelhar-se à Capela de São Geraldo. É composta por dois registos, sendo o inferior feito pelo portal em estilo gótico com múltiplas arquivoltas, e o superior por uma janela em tímpano e em arco de volta perfeita.
Situada no topo leste do pátio com o mesmo nome, esta capela com invocação a São Nicolau foi mandada edificar pelo Arcebispo Geraldo Moissac. Após a sua morte tomou o seu nome, inclusivamente os seus restos mortais perpetuam no retábulo principal, com os restos mortais do D. Rodrigo de Moura Teles, num túmulo no chão da capela.
A atual estrutura de paredes é o que resta da capela primitiva do século XIV. É formada por dois registos e rematada em empena.
O registo inferior é feito pelo rasgo do portal em estilo gótico com múltiplas arquivoltas. Encimado e no registo superior, uma janela mainelada também com múltiplas arquivoltas e terminada por um friso.
À semelhança do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, a Capela dos Reis foi edificada em modo de agradecimento pela vitória dos portugueses na Batalha de Aljubarrota. Assim foi cumprido o voto do então Arcebispo de Braga, D. Lourenço Vicente, presente na batalha, em que tomou a Virgem como invocada.
Encontra-se adossada ao templo principal, do lado do Evangelho.
De planta poligonal, com as fachadas em cantaria de granito, é rasgada por janelas e portas em arcos apontados. Sob o estilo gótico, pode-se observar uma das portas a fazer ligação com o claustro.
Aqui se encontram os túmulos do D. Henrique de Borgonha e da sua mulher Dª Teresa de Leão, pais do nosso primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Igualmente descansam os restos mortais do então Arcebispo D. Lourenço Vicente.
Situada na ala norte do claustro, a Capela de Nossa Senhora da Piedade foi erigida em 1513 pelo Arcebispo D. Diogo de Sousa. Ao centro encontra-se o túmulo do mandatário desta capela.
Formada por nave e capela-mor, possui as paredes laterais revestidas de azulejos. No lado oposto à capela-mor existe uma abertura de porta que dá acesso à ala dos túmulos dos Arcebispos de Braga.
Na verdade não há uma determinada data a situar este pequeno templo religioso. Apenas se sabe que o interior é da segunda metade do século XVII.
Em contraste com o exterior, de linhas arquitetónicas muito depuradas, o interior vale pelo conjunto do imóvel merecendo especial destaque por estar todo forrado a azulejos seiscentistas. Mantendo o revestimento inicial, faz da Capela de Nossa Senhora do Rosário a única existente em Braga em tal situação.
Situado no Largo da Capela, esta é formada por nave e capela-mor mais reduzida. A fachada tem como únicos rasgos o portal de verga reta encimado por uma janela retangular a rematar com pináculos piramidais com esferas. Nota-se as marcas de um alpendre que ali existiu, e que foi retirado.
Nesta parte conventual insere-se o Museu Pio XII no extremo nascente e a Igreja de São Paulo na lateral, para o largo com o mesmo nome.
Edifício do século XVI, foi mandado edificar pelo Arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires para os Jesuítas. Com a extinção da Companhia, em 1785, o então Arcebispo Gaspar de Bragança entregou o colégio às Ursulinas de Viana que aqui se estabeleceram até 1878. Nesta data o edifício viria a ser destinado para um seminário, e assim permaneceu até 1910.
Com a República o edifício viria albergar o quartel do Regimento de Cavalaria que ali esteve até 1948, altura em que foi devolvido à igreja, e com ela passou a funcionar o Curso Filosófico dos Seminários Arquidiocesanos.
Em 1957 o reitor do Seminário Cónego Luciano dos Santos fundou o Museu Pio XII, e atualmente serve de Casa Sacerdotal.
A igreja foi edificada na segunda metade do século XIX, no qual surgiram os maiores acontecimentos, acabando a finalização no decorrer do século XX.
Ao contrário da maioria dos Santuários de Portugal, que se erguem através de lendas ou histórias, este simplesmente deve-se a um padre de Braga, de seu nome Martinho António Pereira da Silva.
A ideia da construção do monumento pelo Padre Martinho teve o seu reforço e apoio de outro padre, Manuel António dos Reis. Os dois acharam por bem erigir um monumento a Imaculada Conceição, no Monte do Sameiro. Esta ideia foi realizada passado dois anos, quando em 1863 se deu a bênção da primeira pedra, sendo seis anos depois a bênção da estátua da Nossa Senhora.
Com a primeira organização peregrina em 1871, depressa se concluiu que era necessária a construção de uma igreja, para a qual se dava início no ano de 1873. Nos anos seguintes o interior do templo começava a ganhar forma com as diversas obras, tais como a capela-mor e o respetivo retábulo.
Em 1880 o templo recebe a imagem da Nossa Senhora da Conceição, com a bênção realizada em Roma pelo Papa Pio IX, tendo servido de casa, nos dois anos anteriores, a Igreja do Pópulo.
A década seguinte foi de vital importância para o Santuário, que acabou por sofrer uma verdadeira transformação tanto no edifício como no espaço. Nesta década surge a intenção da construção de um novo templo, seguindo-lhe um novo projeto não só para o novo templo como também novas estruturas de acesso para o local e melhoramentos para o local.
Assim teve lugar o lançamento da primeira pedra pelo Arcebispo de Braga D. António José de Freitas Honorato, com direito a festa de inauguração dos trabalhos. Decorria o ano de 1890, mas só em 1953 eram dadas por terminadas as obras, tanto do atual Santuário do Sameiro como do respetivo espaço que o abrange.
A igreja, de caraterísticas clássicas, apresenta uma planta poligonal composta por nave e corpo pentagonal, onde se insere a capela-mor coberta por uma cúpula coroada por lanternim.
A fachada, toda em granito, é formada por um pano central e ladeada por duas torres sineiras. Esta, que se orienta a poente, é formada por dois registos separados por um entablamento.
O registo inferior é composto pelo rasgo do portal em arco de volta perfeita com arquivolta de capitel coríntio e folha de acanto no fecho. É ladeado por duas colunas jónicas, com fuste estriado e decoração fitomórfica. O entablamento dispõe de três mísulas com decoração fitomórfica.
O segundo registo é composto por um janelão em arco de volta perfeita, de sacada em guarda de pedra e com arquivolta de capitéis coríntios e querubim com motivo fitomórfico. Remata com um frontão triangular, inferiormente com a cornija interrompida pelo escudo da Confraria de Nossa Senhora da Conceição do Monte Sameiro, coroados por dois pares de urnas e cruz latina.
As torres sineiras, idênticas, são desenvolvidas uniformemente e divididas em três registos, com o primeiro a ser rasgado por três óculos circulares sobrepostos, e o segundo registo a rasgar-se por duas janelas, também em arco de volta perfeita, com sacadas em guarda de pedra.
No terceiro existem dois relógios circulares encimados pelas aberturas em arco de volta perfeita que albergam os sinos. A rematar, frontões triangulares com urnas também triangulares. A cobertura é em coruchéus bolbosos.
No novo projeto do Santuário está incluído um pequeno escadório, parque, alojamento, restauração, entre outros equipamentos.