Na relação com um dos capítulos da história da freguesia de Santa Marinha, as Caves são o finalizar de um processo histórico vinícolo completo na zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia, em que o encerramento dá-se por completo com os diferentes caminhos que o Vinho do Porto toma.
Seguindo o historial de Vila Nova Gaia, o maior desenvolvimento económico que a cidade teve foi por parte da povoação de Gaia que, a partir do século XVIII, teve o seu auge com o aparecimento dos armazéns do Vinho do Porto para exportação. O facto foi bastante predominante na escolha que teve como base não só as pesadas taxas que o vizinho Porto aplicava na altura, como também o facto de que Gaia reunia condições para a conservação do vinho do Porto, tais como os terrenos onde se fixaram as caves, ricos em minas de água, e que por isso fazia com que cada cave tivesse a sua própria fonte de abastecimento.
Também se deve ao fato de Gaia estar protegida dos ventos da barra, tornando-se por isso uma zona de clima mais ameno e mais fresco, as condições ideais para o envelhecimento dos vinhos durante vários anos.
"Vinho do Porto" é uma frase mundialmente conhecida pelo fato de, a partir do século XVII, esta cidade ser o centro de exportação deste maravilhoso líquido dos Deuses. A produção era feita com uvas da Região Demarcada do Douro, classificada como Património da Humanidade e à qual o rio deu o nome, e é armazenada nas caves de Vila Nova de Gaia.
É o Douro vinhateiro, cujo maior centro de produção está localizado em São João da Pesqueira, seguindo-se a cidade da Régua e Pinhão. Região demarcada e única do mundo, com particularidades excecionais.
Contudo esta maravilha dos Deuses tornou-se polémica, sendo uma das versões defendidas pelos produtores da Inglaterra ao referirem que a origem data do século XVII, quando os mercadores britânicos adicionavam brandy ao vinho da região para evitar que azedasse.
No entanto os Descobrimentos contrariam em parte esta versão, não pelo processo de conservação mas sim pela sua origem.
Uma região única torna o vinho igualmente único, tornando-o diferente dos outros vinhos através de fermentação que não é feita por completo, sendo esta parada nos dois primeiros dias. É adicionada uma aguardente vínica neutra, que ronda os 77 graus de álcool. Assim torna o vinho do Porto naturalmente doce e mais forte que os restantes vinhos (entre 19 e 22 graus).
Na qualidade do dom do vinho, fundamentalmente está classificado em três tipos de vinho;
PORTO BRANCO é exclusivamente feito a partir de uvas em que no processo de fermentação não há contato das cascas com o mosto, envelhecendo em grandes cascos de madeira de carvalho. Estes vinhos são jovens e frutados, e o único vinho do Porto que se categoriza quanto à sua doçura. Entre os vinhos brancos surgem os secos, meio-secos e doce.
PORTO RUBY são vinhos tintos que envelhecem em cascos de madeira de carvalho. O baixo contato com a madeira conserva durante mais tempo as suas caraterísticas iniciais, devido à baixa oxidação. Com esta qualidade de vinho, apresentam-se as melhores categorias como Ruby, Reserva, Late Bottled Vintage e Vintage.
PORTO TAWNY são igualmente vinhos tintos com as mesmas uvas que as Ruby, mas que apenas envelhecem dois a três anos nos cascos, passando depois para pipas de 550 litros. Este conceito permite um maior contato do vinho com a madeira, e dai para o ar, pelo qual os tawny respiram mais provocando uma maior oxidação e um envelhecimento mais rápido. Esta elevada oxidação dos tawny provoca uma perda de cor inicial dos vinhos tintos, ganhando tons mais claros como o âmbar. Com os tawny, as melhores categorias são demonstradas através dos Tawny, Tawny Reserva, Tawny com indicação da idade e colheita.
Foi a partir do século XVIII, como já foi referenciado, que Portugal começou a exportar o seu vinho do Porto que, inicialmente, se destinava só à Inglaterra. As relações entre os dois países eram as melhoras e, talvez por esta amizade, o Porto sempre foi uma cidade com uma comunidade razoável de ingleses, o que implicava um certo domínio sobre as quintas no Douro e nas caves em Gaia.
Para finalizar o processo vinícola, a importância das Caves onde as visitas atualmente são possíveis, foi essencial não só para a evacuação do produto como também para a sua qualidade, correspondente ao lema existente em Portugal, que surgiu precisamente a partir do vinho do Porto, "Quanto mais velho, melhor".
É dessas Caves que aqui estão representadas, na sua maioria Inglesas como a Burmester, Calém e Sandeman, com a conhecidíssima e famosa Ferreira, a ser acompanhada pela não menos famosa Ramos Pinto, entre outras tantas espalhadas pelo Cais de Gaia. Daqui, o mundo é prendado pelo delícioso e doce Vinho do Porto.
Este ponto está situado na localidade Santa Marinha