Um Santuário edificado e que se baseia numa crença, retirando a ideia de lenda que habitualmente está como base na construção deste género de templo.
No seguimento da promessa de voto de João da Cruz, pelo fato de ter sobrevivido a uma doença grave, este dedicou-se à vida de penitente, e daí originou a ideia da construção de uma capela.
Depois de se fixar no monte do Busto em 1640 e com ajuda do Morgado de Azevedo, através de Martim Lopes Azevedo, o penitente João da Cruz construiu a primeira capela. Aproveitou para isso o abrigo natural de duas formações rochosas, que ainda hoje se conservam constituindo a capela-mor da Igreja, e que se denomina de "Os Passos da Paixão".
Dada a religiosidade com que estes lugares atingem multidões e romarias à devoção de Nossa Senhora do Bom Despacho, tornou-se necessária a construção de uma novo templo. Esta construção decorreu nos finais do século XVII e durante o século seguinte, como aconteceu com a torre este em 1740.
Como habitual na maioria dos Santuários, a importância e a frequência de peregrinos acabou por dar a este Santuário uma dimensão proporcional ao espaço que este templo pode albergar. Assim foi completado com um terreiro, uma fonte, dependências de apoio aos peregrinos, Via Sacra, capelas, e mais.
Edificada longitudinalmente, a igreja é formada por uma só nave. Adossadas a esta, fazendo parte da fachada principal, as duas torres e, no lado direito num plano mais recuado, existe uma capela e outros anexos.
A fachada principal é constituída por três corpos, sendo os laterais as torres quadrangulares, com outros tantos sinos, rematadas por uma cobertura em cone.
O corpo principal é formado pelo rasgo central do portão em moldura reta encimado por um entablamento e uma janela em arco de volta perfeita contornada por volutas e enrolamentos. Este pano central é rematado por frontão triangular, no qual ao centro se abre um óculo de moldura recortada com elementos vegetativos, finalizando com uma cruz sobre esfera.
No interior, a capela-mor apresenta um retábulo em dourado, recordando os exemplares maneiristas, com decoração barroca. É formado por dois registos, sendo o inferior composto pelo vão central formado por dois arcos unidos por uma cartela central, sendo este ladeado por dois nichos com as imagens de São João Batista e o Cristo Ressuscitado.
No registo superior, temos ao centro a imagem da Nossa Senhora do Bom Despacho ladeada por duas telas com a Anunciação e Casamento da Virgem.
No registo inferior são visíveis os rochedos da capela original.
O Santuário da Nossa Senhora do Bom Despacho, e tudo o que rodeia, está classificado com Imóvel de Interesse Público.
Mais um templo religioso do período do românico em que o original se perdeu por completo, restando apenas vestígios. A igreja atual, que veio substituir o anterior templo, é supostamente uma edificação do decorrer do século XVIII.
É caraterizada por uma depuração arquitetónica que contrasta com o interior, profundamente decorado.
Desenvolvida longitudinalmente, de planta retangular, é formada por nave e capela-mor.
A fachada é rematada em empena, com aberturas em verga reta, pelo portal encimado por uma janela de coro. À esquerda desta ergue-se a sineira de dois arcos de volta perfeita, com os respetivos sinos.
A fachada é antecedida por um alpendre sustentada por oito colunas que têm como base um pequeno murete, com abertura de três saídas, uma central e duas laterais.
Esteve nos procedimentos para uma possível classificação, a qual não resultou com base de falta de interesse patrimonial nacional.
A capela tem uma particularidade de possuir uma torre sineira separada do templo, indicando talvez que, em tempos remotos, tivesse a função da Igreja Matriz da freguesia.
Direcionada norte/sul, com a fachada frontal a norte, a capela é formada por nave e capela-mor, com esta de dimensões mais reduzidas que a nave.
A fachada apresenta o portal principal em verga reta, ladeada por duas pequenas janelas quadrangulares e encimada por uma outra maior também retangular em altura. A poente, a nave possui uma porta de moldura retangular e uma janela de igual moldura da porta.
A capela-mor possui também uma porta de moldura retangular. A nascente, a nave só é rasgada por uma pequena janela quadrangular.
A torre sineira posiciona-se em frente à fachada principal do templo, em separado desta, em arco de volta perfeita, sobreposta a uma base em granito e rematada por um frontão triangular com dois pináculos piramidais e uma esfera de granito ao centro.
A capela está situada junto da estrada nacional e no início do Largo Divino Salvador, onde se situa a Igreja Matriz, 250 metros a sudoeste da rotunda.
No entanto, e perante o atual edifício, acredita-se que este seja posterior, dos finais do século XIII. Assemelha-se a uma tipologia de casa-nobre dos finais da Idade Média, com forte possibilidade de uma reforma de um edifício anterior.
Foi com a transferência de posse para Constança Soares, viúva de Pedro da Cunha, em 1531, que se deu a profunda alteração do edifício medieval, sendo talvez atribuídas as obras ao próprio Pedro da Cunha, ainda nos finais do século XV.
Depois da grande reforma que o edifício sofreu no século XVI, viria a sofrer novamente uma campanha de obras no século XVIII, com a anexação à torre de uma área residencial. Assim consignava ao piso térreo as cozinhas, arrecadações e demais dependências funcionais, e ao piso nobre os quartos e dependências sociais.
O edifício e a quinta foram adquiridas em 1913 pelos atuais proprietários, que já neste século adaptaram para uma unidade hoteleira. Durante a campanha barroca foi construído um muro a limitar a quinta e uma capela à entrada da propriedade.
Este conjunto de planta retangular é formado por dois corpos designada por torre e casa.
A torre quadrangular de doze metros de altura está dividida em quatro pisos diferenciados exteriormente por vãos. O coroamento é em cornija sobre a qual assenta um balcão de ameias composto por ameias pontiagudas.
À direita desta adossa-se o edifício de planta retangular de dois pisos.
Neste corrente ano de 2019 deu-se a classificação do Imóvel de Interesse Público.
Numa rara beleza e maravilha de elementos da arquitetura religiosa existentes nas pequenas localidades de Portugal, o cruzeiro de Cervães constitui um verdadeiro marco cultural para a freguesia.
Não há um conhecimento exacto da cronologia, tão pouco se desconhece o verdadeiro local original. Este cruzeiro é dividido em duas partes, sendo atribuído a parte do remate aos finais da época medieval, no período entre o final do século XV e início do XVI.
Um cruzeiro em granito bem estruturado e definido, apresenta as extremidades decoradas com motivos vegetalistas. Numa das faces apresenta Cristo Crucificado ladeado por duas figuras, possivelmente de Nossa Senhora e São João, figuras que predominam no acompanhamento da composição do Calvário.
A outra face é a ilustração da Nossa Senhora com o Menino, crendo-se que seja a representação da Paixão da Maria, com o princípio e fim da história de Jesus na Terra, figuras muito usadas nos finais da Idade Média.
Do cruzeiro original só se mantém a parte da cruz, sendo a restante adaptada já no século XVII. Sobre um soco quadrangular de quatro degraus e uma base igualmente quadrangular, assenta o suporte da coluna lisa que compõe o fuste e o coroamento deste, em capitel toscano.
Este elemento religioso entrou na classificação de Imóvel de Interesse Público em 1955.
O cruzeiro está situado no centro da rotunda a poucas centenas de metros a norte da Igreja Matriz e da Capela de Nossa Senhora de Lurdes.