Este Concelho de Terras de Bouro é um dos mais favorecidos na sua demonstração da passagem dos romanos por estas terras.
A Geira (ou Via Nova ou ainda Via XVIII do Itinerário de Antonino) é uma das traduções para a linguagem atual de uma via de comunicação construída pelo Império Romano. Permitiu a ligação entre Braga e Astorga, Espanha, num percurso de cerca de 318 quilómetros.
Esta via neste concelho corresponde a uma extensão de cerca de trinta quilómetros, correspondendo entre as XIV e XXXIV milhas que eram assinaladas por marcos miliários distribuídos ao longo da via. Serviram não só para indicar a distância em milhas como para homenagear os Imperadores Romanos.
É preciso ter em atenção o que significava uma milha para os romanos.
Quando os soldados avançavam no reconhecimento e conquista das terras, enquanto marchavam contavam 1000 passos duplos, sendo um passo duplo duas passadas, avançar uma perna e depois a outra. Quando contavam 1000 passos duplos, marcavam aí uma milha e colocavam o respetivo marco miliário. Pode-se assim ver que essas "milhas" nada têm de regular nem certo, embora tivessem uma distância típica de cerca de 1480 metros.
Como exemplo, considerando os três marcos referidos neste artigo, entre o XXVI e o XXVII distam 428 metros, enquanto entre o XXVII e o XXVIII distam 280 metros.
Estes marcos contêm a inscrição do número do marco, da distância até ao Forum Romano, entre outras informações sobre a sua construção.
Estes traçados não permitiam grandes elevações nas subidas/descidas, sendo por isso mais tarde integrados, até ao início do século XX, nos caminhos de Santiago de Compostela percorridos por milhares de romeiros.
Neste troço do Campo do Gerês estão três marcos miliários correspondentes às milhas XXVI, XXVII e XXVIII. Para melhor localização de dois dos três marcos vou usar como base o marco da milha XXVII.
Este marco, que corresponde à milha XXVII, está à vista de toda a gente demarcando-se como Cruzeiro de São João do Campo. Um cruzeiro que tem no seu fuste o marco miliário, correspondendo a uma deslocação do mesmo não muito significativa, uma vez que se centraliza entre os marcos XXVI e XXVIII.
O marco miliário XXVI encontra-se muito perto da Estrada Municipal 307, no sentido Covide / Cruzeiro de São João do Campo, precisamente ao lado do sinal indicativo da localidade de Covide.
O marco miliário XXVIII encontra-se depois do Cruzeiro de São João do Campo, no seguimento para Vilarinho das Furnas, encostado ao muro da primeira vivenda que se encontra no lado direito.
A Geira está classificada, desde 2013, como Monumento Nacional, estando apresentada a candidatura a Património Mundial da Humanidade
O Marco XXVI situa-se nas Coordenadas GPS: N 41 44.850' W 008 11.923' (41.74750, -8.19872)
O Marco XXVII situa-se nas Coordenadas GPS: N 41 44.974' W 008 11.827' (41.74957, -8.19712)
O Marco XXVIII (indicado no mapa a seguir) situa-se nas Coordenadas GPS: N 41 45.159' W 008 11.635'
Situada após o Cruzeiro de São João do Campo, no sentido da Carvalheira, a ponte de Eixões, que atravessa a Ribeira das Rodas, tem uma inscrição de 1745. Contudo crê-se que a existência desta deve recuar a tempos anteriores, acreditando-se que a obra pode corresponder à época romana.
É uma construção granítica de dois arcos de volta perfeita. Entre estes, dois talha-mares para corte da água servindo ao mesmo tempo de consolidação da estrutura que parte de bases sólidas nas margens do rio.
O tabuleiro apresenta um linha de corcova, de linhas abauladas e largo com guardas baixas possivelmente posterior à construção original.
O pavimento é formado por lajes grandes, dando o seguimento à calçada.
Uma aldeia que se situa na encosta da serra Amarela, confundindo-se com a paisagem natural e pitoresca. Merece uma especial atenção no seu pequeno património basicamente rural onde se constituem pelas suas habitações, espigueiros, moinhos de água e eiras num verdadeiro panorama granítico.
O orgulho dos Brufenses, juntamente com os habitantes de Cibões, aplicava-se na defesa da área fronteiriça da serra Amarela, estando isentos de dar soldados, palha e éguas.
Uma aldeia que se perde no tempo, chegando mesmo a confundir-se com uma aldeia fantasma, em que apenas foi contabilizada uma residente sentada na varanda da sua casa a apanhar os poucos raios do sol existentes, como se lhe fosse atribuída a guarda desta mesma localidade.
Na verdade, e com o perímetro habitacional todo reestruturado e restaurado, não é por falta de residentes locais que vai interferir com a vida da aldeia, mas sim o que o futuro turístico poderá fazer dela. A contribuir para semelhante situação temos na entrada da aldeia o único restaurante denominado de "O Abocanhado" que provoca um pouco de movimentação a este espaço.
É claro que um espaço destes contribui para que a aldeia seja visitada e que seja um ponto de partida para que Brufe abra as suas portas para quem queira passar uns tempos no verdadeiro silêncio purificado da natureza, contribuindo para a descoberta da região.
Estas coordenadas levam a um pequeno largo na aldeia, onde está a placa mostrada na primeira foto.
Também conhecida como Igreja de São João, teve como particularidade quatro altares laterais denominados de Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora do Rosário e Jesus Crucificado, dos qual atualmente só os dois primeiros permanecem.
Edificada em pedra granítica, numa planta longitudinal, é formada por uma só nave e complementada pela sacristia.
A fachada é simples, limitando-se ao rasgo do portal principal de moldura reta e encimado por uma janela quadrada. Finaliza por uma torre sineira ladeada por dois pináculos piramidais com uma bola.
Na lateral esquerda e num plano mais recuado vemos um campanário datado de 1921.