A capela-mor está acoplada ao edifício da Câmara Municipal. A fachada principal está voltada a sul, ao contrário da maioria das igrejas antigas que habitualmente se encontram viradas a oeste.
A Misericordia de Esposende foi confirmada e recebeu privilégios no reinado de D. Filipe I (Filipe II de Espanha), no final do mesmo século. Talvez se deva este facto à elevação a vila e concelho em 1572 uma vez que, conforme se verifica atualmente pelos testemunhos históricos, a criação de novas misericórdias estava relacionada com a criação de concelho.
De acordo com o princípio básico da criação das Misericórdias, também esta se dedicava à assistência aos mais pobres e doentes. Esta não tinha um hospital próprio mas provavelmente dispunha de outro hospital a partir de 1600, embora se desconheça a sua localização.
A igreja e a respetiva Casa de Despacho, local onde se realizavam as reuniões dos irmãos, dirigidas pelo provedor, e se deliberava sobre os vários assuntos relativos à instituição, deve ter sido construída entre o final do século XVI e início do seguinte. A sua construção seguiu o estilo maneirista, embora haja sinais de campanhas no final do século XVII e no século XVIII.
A planta é longitudinal de nave única com capela-mor. No lado do Evangelho, a Capela dos Mareantes inscreve-se no interior da casa do Despacho.
A fachada em frontão contracurvado, que mostra um gosto pelo ecletismo, é definida por pilastras nos cunhais rematadas por pináculos sobre esferas. Este ecletismo está patente nos diversos elementos que decoram o frontão, nas molduras, a janela oval, os denteados e outras decorações das janelas e portas, motivos vegetalistas, aletas, pináculos e coruchéus.
Uma abertura ao centro define o portal em arco abatido com colunelos laterais e cornija saliente. Este é prolongada por uma cartela, enquadrada por volutas, e que termina na rosácea, janela oval que ilumina o interior, que por sua vez é sobrepujada pelas armas reais. Estas fazem parte do tímpano do frontão contracurvado terminado com uma cruz.
O estilo de construção do tímpano aponta para uma data posterior, possivelmente no século XVIII.
Na fachada lateral, a nascente e virada para o largo da Câmara Municipal, o portal é idêntico ao principal, finalizando com um nicho de volta perfeita rematado por frontão triangular.
O frontão do portal e o nicho são ladeados por duas janelas em moldura retangular encimadas por frontão contracurvado.
O interior é sóbrio, formado pela nave, um coro-alto, a capela-mor, dois altares laterais e a Capela dos Mareantes, todos de arco de volta perfeita.
A nave é revestida por azulejos de padrão seiscentista até pouco mais de um metro de altura. Destaca-se a Capela dos Mareantes e ao lado o púlpito.
Nos lados do arco triunfal estão os dois altares em arco de volta perfeita com impostas salientes, de Nossa Senhora das Dores e do Senhor dos Passos.
Nas paredes da igreja vemos imagens de S. Cristóvão, S. Tiago Peregrino e ainda da Senhora da Piedade.
A capela-mor separa-se da nave também por um arco de volta perfeita.
Apresenta um retábulo de talha em estilo nacional com alterações neoclássicas e uma tela central representando Nossa Senhora da Misericórdia, do início do século XVII. Uma pequena Pietà no nicho da capela-mor pode ser da mesma data. O teto também está forrado de caixotões.
Embora esbatidos, há restos na capela-mor de pintura com motivos vegetalistas, possivelmente do século XVIII, com outros motivos semelhantes na cornija.
A Capela do Senhor dos Mareantes, tem abertura para o lado esquerdo da nave. A sua origem está ligada à doação de uma imagem de Cristo, nos finais do século XVI, é a de maior evidência e destaque na igreja, pelos seus elementos de talha branca e dourada. Todo o revestimento da capela é feito em talha dourada em estilo maneirista. O arco em talha branca e dourada mostra motivos do grotesco e termina com uma sanefa de talha polícroma.
Os azulejos seiscentistas em losangos forram a parte inferior das paredes da capela, sendo sobreposto no segundo registo por molduras com pinturas relativas à Paixão de Cristo, separadas e enquadradas por elementos também em talha branca e dourada.
O terceiro registo, que corresponde ao teto, é formado por imagens em relevo em talha policromada representando o doze Profetas Messiânicos do Antigo Testamento, em caixotões. Assim, da arco para o fundo da capela, temos Oseias, Joel, Amós e Micheas ou Miqueias, Isaías, Nahum, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Na parede testeira, também em talha dourada como toda a capela, um arco de volta perfeita enquadra Jesus Crucificado, a Virgem "Mater Dolorosa" e São João Evangelista, respetivamente à sua direita e esquerda, sobre o altar em forma de sepulcro. A imagem de Jesus, sobre um painel de madeira, é rodeada por uma mandorla de raios esculpidos e cercada por cabeças de anjos. Na parte inferior, por cima do altar, vemos uma paisagem que representa Jerusalém.
Nos nichos que ladeiam este conjunto estão representados os quatro grandes sacerdotes da antiga lei, o rei David, Aarão (irmão de Moisés), Moisés e Melquisedeque.
A ladear o altar existem dois nichos, um de cada lado, sobrepostos com uma pintura a óleo em cada, representando passos da vida de Cristo.
No lado da Epístola, o lado norte, vemos o encontro de Jesus com a pecadora Samaritana junto do poço de Jacob no retábulo de madeira policromado no nicho. Por cima deste uma pintura a óleo representa a Agonia no Horto e ao lado a Flagelação e a Prisão.
No lado do Evangelho vemos o encontro de Cristo com Zaqueu no retábulo policromado no nicho. Ao lado e por cima os painéis mostram a Coroação de Espinhos, o “Ecce Homo” apresentado por Pilatos e uma das quedas a caminho do Calvário.
A Igreja com todo o recheio está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 21 de dezembro de 1974.
Este ponto está situado na localidade Esposende, na freguesia Esposende, Marinhas e Gandra.
(Distância: 19 m N)
Na pequena Praça do Município está situado o edifício dos Paços do Concelho. De origem do século XVIII, sofreu remodelações durante os anos até atingir o aspeto atual.
(Distância: 41 m W)
Este pequeno largo está situado no centro histórico da cidade, igualmente com uma importância por ter três elementos também mediáticos.
(Distância: 47 m W)
O edifício que recebe o Museu Municipal é um edifício emblemático da cidade pela sua planta e essencialmente pela sua fachada. Foi edificado como Teatro Club abrindo as suas portas no ano de 1911.
(Distância: 176 m SE)
Esta povoação só viria a subir de estatuto à categoria de vila, e consequentemente sede de concelho, em 1572 por Carta Régia de D. Sebastião. Perante tal atributo foi construído o edifício dos Paços do Concelho e o Pelourinho.
(Distância: 223 m NW)
Duas ruas e um largo, todos pertencentes à parte histórica de cidade. As ruas, num trajeto perpendicular ao largo, vão ao encontro deste, tendo o seu início na parte sul da cidade e atravessando-a.
(Distância: 226 m N)
Edificada sobre a ermida primitiva que pertencia ao século XVI, este templo, cuja construção teve início neste mesmo século, tomou como invocação Santa Maria dos Anjos.
(Distância: 437 m NW)
Este pequeno templo está situado na avenida paralela ao mar, com a frente virada para o interior da cidade. Foi edificada em 1699 e dedicada a São João Baptista.
(Distância: 453 m E)
À saída da cidade para Barcelos, num recinto arborizado, encontra-se a Capela de Nossa Senhora da Saúde edificada no séc XVI substituindo a capela primitiva, devotada a São Sebastião.
(Distância: 2 km NW)
Também conhecido como Forte de Esposende, foi edificado entre 1699 e 1704 durante o reinado de D. Pedro II, inserindo-se no plano de proteção da costa portuguesa e da entrada do Rio Cávado.
(Distância: 2 km S)
Considerando ser dois corpos diferentes, a Casa e a Capela estão situadas no cimo de uma grande duna de areia, precisamente junto à praia, e esta dá-lhes o nome de Bonança.